sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O monstro do lago

Por um belo caminho seguia. Pequenos arbustos, grandes árvores, belos pássaros felizes assoviando suas canções, borboletas coloridas embelezado a trilha.
Ela se abrira em uma clareira grande e no centro havia um enorme lago. Ele era lindo, de um azul profundo e audacioso. Parecia desafiar o céu para um duelo. Um duelo realmente espetacular; o céu com suas nuvens e seu azul encantador. O lago com lindos cisnes brancos rondando por ali.
Cheguei então a beira, abaixei-me e comecei a observar. Consegui ver minha imagem retorcida ‘’um monstro’’, pensei. De nada adiantava ver a reflexão de meu rosto, dito belo pelos outros, se eu, somente eu sabia o que havia por trás dele. Meu estado de espírito era deplorável.
Passei a não enxergá-lo mais, em seu lugar haviam lembranças, pensamentos. Em minha agonia observava com medo aquelas imagens. Eram inquietantes, não me deixavam em paz. Podia ver nelas a podridão de minha alma, sentia o fedor dela.
A beleza do lugar se perdeu e tudo se tornou horripilante, o belo bosque tornara-se um nojento pântano, o azul do lago deu lugar a um verde hipnotizante e intenso, chegava quase ao negro. O azul do céu transformara-se em um cinza intimidador. Estava ali, o retrato de minha alma, perdida na escuridão.
A cortina caíra e a beleza que antes estava diante os meus olhos se fora. O escudo que me protegia dessa visão partiu-se e deu espaço para essa nova realidade que tomou forma de um monstro, o meu mostro.
Derrotá-lo e recuperar a beleza do lugar seria meu novo desafio. Encontrar uma luz, um firmamento, uma realidade menos cruel. Mas para isso precisava de uma razão para lutar. Já a tinha na verdade, afinal porque iria querer viver numa realidade maldita como aquela? Mas isso não me bastava, precisava de mais, aquilo não era o suficiente para mim. Não encontrava sentido em lutar contra aquilo sem ter depois algo pelo que continuar a viver.
Lembrei-me dele... Era ele o culpado por aquele meu estado infeliz. É, eu tinha meu motivo. Uma doce vingança eu desejava. Em meus olhos explodiram as lágrimas, o vermelho tomou conta deles. Vingança, não, isso só me arrastaria ainda mais para a escuridão.
Cheguei à ênfase nessa hora. Esqueceria... Reinventaria minha história, afogaria meu monstro.


Aleeh C.

Nenhum comentário:

Postar um comentário