sábado, 14 de maio de 2011

O Enterro


      Nem ao menos sei onde me encontro ou assim penso. A qual sensação horrível estou cedendo? Minha boca em plena secura vigora. A saliva já não mais circula e meus olhos em semelhante situação agonizam em ardência, cegos pela luz, porém se acostumando. AH! Músculos que doem, gritam em prol do movimento. Eis que meu peito se mancha de extrema angústia, parece que um grande pedaço de minh’alma fora queimada em brasas e logo depois estirado por pequenas pinças de aço. Sinto falta dos meus sentidos. O QUE ME ACONTECE?
     A sala de porte médio era composta de um branco e preto que guerreiam entre si pelo contraste, o branco com o mármore impecável como a neve, frio igualmente, um fúnebre glacial e cortante. O negro do piso refletido pelo teto arqueado e cheio de pinturas sombrias. Os seres de preto estão tristes. Cochichos circundam o ambiente, as rosas nos vasos fazem seus lamentos assim como as lágrimas que empoçam o chão, tristes e mais salgadas que nunca.
     Não me importo com nada disto, o que resta de mim não é do teu entendimento ou algo que eu possa falar sobre, o que tens que saber é que somente existe lá no fundo. Sinto de tudo um pouco de raiva. Às vezes tão perfeito, outras, tão podre. Tenho vontade de chorar, contudo as gotas inexistem para mim. Quero refletir e mudar o rumo dos pensamentos só que minha concentração se perde em meio à merda das hipóteses que formulo quatro vezes a cada segundo. Entenda que crises pessoais nunca foram o meu forte, mas eu sempre soube sair delas mais forte do que quando entrei.
     Posto me a andar pela extensão de sala, passo-por-passo, cada qual deles levando a imensidões de ideias outras imensidões de sentimentos. Ecoam ao percorrer. Que torturante dor esta que vara-me, pois nem ei de saber d’onde vem ou o que há de trazê-la agora. Mouco me encontro no morrer da caminhada, estacado atrás dos seres de preto que tanto se despedaçam em desgosto, no entanto abrem suas alas para um rei/morto renascido.
     Pés de ouro cintilante sustentam um caixão de fina madeira, este que chegais a ofuscar o verdadeiro propósito daquele místico momento. Deuses acorram o coração pulsante, já esquecido do manto sombrio outrora usado, pois o corpo que antes lhe pertencia jaz em profunda serenidade sobre a caixa de madeira fina.
     Soube então que havia morrido quem eu fora no passado, soube demasiado tarde que os seres de preto choravam por um cadáver inútil, que as rosas derramavam seu aroma fúnebre sobre aquele local tão perverso, cujos demônios e anjos lutavam com destreza por novos seguidores assim como as cores tentavam tomar o curto espaço uma das outras.
     Um suspiro afobado surge em meio aos zéfiros perambulantes do campo, contornando o colossal carvalho e voltando a esbarrar em meu corpo/seu dono. Pulso sanguíneo que lateja sem parar, querendo correr ou lutar? Sinto no âmago que nenhum, apenas resvala aliviado a sensação de um novo ar. Sonhos travessos que tratam de assustar o moleque rebelde que um dia já fui, sonhos travessos que de susto matam o homem que sou. Prometo, no entanto, que irei por um fim nesta agonia despejando no mundo um pouco de alegria, se é isto teu desejo, coração, então guie-me para a felicidade.
 ~~~~~~~||~~~~~~~


Notas do Autor: Olá leitores, aqui farei uma breve explicação deste maldito texto (rsrs). Sim. Maldito porque me custara várias semanas. Consegui transformar o sentimento de angústia, de ter “chegado ao fundo do poço”, mas para isso precisei escrever sempre quando estava com essa sensação. Penso que consegui o meu propósito, então vamos às explicações”.
     1° Parágrafo: Você sabe onde está, mas nem se importa mais com isso (que se f*da o mundo), no começo é tudo dolorido, mas com o tempo se acostuma à dor. Seus músculos querem se exercitar e correr pra um lugar bem longe de todos, mas é claro que você não faz e assim partes vão se perdendo, deixando-o distraído e sem sentidos.
     2° Parágrafo: Esta sala é como se fosse teu interior em guerra, o preto e o branco refletem oposição. Os seres de preto fazem uma analogia às pessoas que ficam em volta de ti sentindo pena e mais pena.
     3° Parágrafo: Seus amigos começam a te perguntar o que está acontecendo, porém você diz sempre “não sei”. Nesses momentos as coisas são inusitadas, perfeitas, podres, perfeitas, podres e sempre que tu tentas sair desse rumo acaba desistindo, pois a tristeza é grande.
     4° Parágrafo: Você segue cada vez mais profundamente para a depressão, tendo como companheira apenas a dor da solidão da qual nem sabe mais a origem. Tu passas pelos teus companheiros como um morto, mas eles entendem e já não tentam mais ajuda-lo.
     5° Parágrafo: Quando vê o que se tornou, o que está fazendo, começa a pedir ajuda para todos.
     6° Parágrafo: Quando entende que o seu eu antigo morreu e um novo deve renascer, julga os amigos certos, entendem que eles estavam querendo seu bem e que você vai recomeçar.
     7° Parágrafo: Quando tudo passa não lembram mais que um sonho distante, uma lembrança fraca na sua cabeça, porém a experiência para evitar que isso aconteça a outras pessoas está lá.
  
"Espero que gostem, meus cumprimentos..
 DLuppus





2 comentários: