segunda-feira, 2 de maio de 2011

Apenas uma certeza

Os primeiros raios de sol entravam pela janela entreaberta, iluminando o pequeno quarto juntamente de uma leve brisa que balançava a cortina de um bege amargurado trazendo consigo o perfume das flores do jardim, chegando até a cama e fazendo-me sentir uma branda sensação de frio. Procurei pela manta vermelha que devia estar sob meu corpo; tateando pelo colchão encontrei em seu lugar algo tão macio, tão suave, tão quente. Mantendo o toque leve, deixei que minha mão percorresse por toda aquela maciez fascinante encontrando por fim aqueles sedosos cabelos castanhos. Tendo-os emaranhados em minhas mãos abri meus olhos, virando-me para enxergar o rosto tão belo que ao mesmo tempo virava-se para mim e se punha a fitar meus olhos.
Oh aqueles olhos profundo e intensos. Moldou-se um belo sorriso naqueles lábios sedutores, imediatamente retribuído. Minha lama perdeu-se na melhor sensação de prazer que conheço, colocando-me em estado de êxtase, delírios prendendo meus pensamentos em ilusões. Acordada pelo toque daquelas mãos quentes volto ao presente, ao encontro daquele olhar perfurante que chega até minha alma. Deixei-me tomar pelo sentimento que vinha explodindo por meus olhos, escorreram as salgadas lágrimas pelo me rosto... Os dedos impacientes enxugaram-no suavemente, sem deixar fugir os olhos dos meus.
Os braços fortes puxaram-me para um abraço quente e gentil, suprindo todas as necessidades que eu tinha naquele momento. Tudo o que mais precisava estava a envolver-me firmemente. Eu não queria sair dali, não podia sequer imaginar isso. A dor viria atormentar quando o espaço entre nossos corpos não estivesse preenchido totalmente e eu não queria adiantar esse sofrimento.
A angústia chegou até a porta do quarto, devorou-me inteiramente... Era horrível apenas pensar na falta daquele calor, incrível como fazia-me angustiar tanto assim. Era pior ainda lembrar-me que este era apenas um pensamento e que na hora da real distância seria torturada pela toda poderosa angústia e suas inseparáveis amigas saudade e solidão.
Fixei-me naqueles braços que me envolviam e livrei-me tão rapidamente daqueles pensamentos quanto eles apareceram. Olhei novamente naqueles olhos, percebi-os cautelosos, protetores e certos, como se soubessem dos meus pensamentos anteriores e quisesse afastá-los de mim. Senti o abraço tão cheio de sentimentos e entendi o porquê ficava tão aflita sem tudo aquilo. Era simples, como poderia viver com se esses braços apertando-me contra aquele corpo, como poderia imaginá-lo em lugares que desconheço, longe de mim? Cheguei rápido a resposta, não havia outra conclusão a não ser essa. Ele é parte de mim.
Precisava levantar-me da cama, havia tanto a fazer. Não estava fácil, não era fácil. Não vou quero perder essa proteção, não quero perder esse calor, não quero... Volto o olhar para a janela, observo a cortina balançando-se lentamente, sinto o perfume das flores do jardim, a brisa refrescando o ambiente, aquela presença maravilhosa. Tudo estava perfeito. O desejo de nunca mais sair daqueles braços chegou, dessa vez mais forte do que nunca. E então cedi a esse desejo. Fechei os olhos novamente e deixei que minha mente fosse encontrá-lo nos meus sonhos, tinha certeza de que lá essa presença também era certa. E certeza era tudo o que eu tinha...

Aleeh C.

Nenhum comentário:

Postar um comentário