quinta-feira, 14 de abril de 2011

A Personificação da Saudade


     A planície, bela e divina, andava até o horizonte pulsante. Uma brisa suave ondulava toda sua extensão, lambendo delicadamente a relva baixa de um verde fosco e vivo que dançava aos conformes. Noite. Era noite e as estrelas brincavam pelo manto negro, brilhantes, contudo não havia presença de minha lua, nem o menor vestígio.
     Sinto-me tão forte quanto em qualquer momento que já existi, cada músculo de meu templo é sentido, pois não há leis ou modelos de prisões neste enorme campo, existe apenas o que faço. Sustento-me por patas, quatro delas, de pelos negros e sedosos que se multiplicam por todo o corpo até uma longa cauda. O faro está potente, respiro o aroma das ambrosias e do campo de rosas a quilômetros. Os deuses louvam o lobo negro naquela planície de amores, porém neste cenário algo não se encaixa.
     Estranho, jamais estive em melhor companhia, entretanto nunca me senti tão só quanto agora, pois permanece a ausência de certa luz da qual não me lembro de inteiramente. Acho que vou esperá-la, deitar sobre estes altos e deixar a brisa embalar meus pensamentos para um quando onde o calor, agora ausente, existiu.
     Os choramingos que emito assombram a escuridão sob a qual estou porque nem a mesma pode descrever este sentimento de falta. Astros brincalhões caem sobre a planície como lágrimas brilhantes, sim, chega o tempo em que as estrelas caem. Ao presenciar, deito o focinho sobre a pata dianteira e observo quão belo se tornou o cenário, esperando com um fio de esperança o retorno de minha lua.

 DLuppus

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